Albert Einstein explica por que é preciso ler os clássicos

Fonte: Open Culture | May 28th, 2020 
Tradução por Gotik

Dois conselhos sobre o ato de ler que segui ao longo da minha vida vieram de dois escritores favoritos, Herman Melville e C.S. Lewis. Em uma das miríades de pérolas que ele nos propicia na sua prosa, Melville pergunta em Moby Dick: “por que ler amplamente quando você pode ler profundamente?” Por que apliar nossas mentes rasas? Em vez de nos angustiarmos com o que não sabemos, podemos nos aprofundar nas relativamente poucas coisas que fazemos até dominá-las e depois seguir para a próxima.

O conselho de Melville pode não se adequar a todos os temperamentos, a depender de tratar-se de uma raposa ou um ouriço (ou um Ahab). Mas o conselho de Lewis pode ser indispensável para o desenvolvimento de uma perspectiva tão ampla quanto profunda. “É uma boa regra”, escreveu ele , “depois de ler um novo livro, nunca se permitir ler outro antes de ler um clássico no interregno. Se isso é demais para você, você deveria pelo menos ler um clássico para cada três novos.

Muitos outros leitores famosos nos deixaram para conselhos semelhantes de leitura, como Edward Bulwer-Lytton, autor da notória frase inicial “Era uma noite escura e tempestuosa”. Como se a refinar a sugestão de Lewis, ele propôs: “Na ciência, leia, de preferência, as obras mais recentes; na literatura, a mais antiga. A literatura clássica é sempre moderna. Novos livros revivem e redecoram idéias antigas; livros antigos sugerem e revigoram novas idéias. ”

Albert Einstein não compartilhava nem a religião de Lewis nem o amor Bulwar-Lytton pelo ponto e vírgula, mas compartilhou com ambos suas perspectivas de leitura dos antigos. Einstein abordou o assunto tendo em vista a arrogância e ignorância modernas e o viés de valorização exclusiva do presente ao escrever num artigo de jornal de 1952:

Alguém que apenas lê jornais e, na melhor das hipóteses, livros de autores contemporâneos, afigura-se tal qual uma pessoa extremamente míope que despreza os óculos: completamente dependente dos preconceitos e modas de seu tempo, não consegue ver ou ouvir mais nada. E o que uma pessoa pensa por si mesmo, sem ser estimulado pelos pensamentos e experiências de outras pessoas, é, no melhor dos casos, insignificante e monótono.

Em um século vivem apenas poucas pessoas iluminadas com mente e estilo lúcidos e de bom gosto. O que se preservou de suas obras integra o conjunto de bens mais preciosos da humanidade. Graças a alguns escritores da antiguidade (Platão, Aristóteles, etc.) as pessoas na Idade Média puderam lentamente se livrar das superstições e ignorâncias que obscureceram a vida por mais de meio milênio.

Nada é mais necessário que isso para superar o esnobismo modernista.

O próprio Einstein leu ampla e profundamente; tanto que “se tornou um literary motif para alguns escritores”, como observa a Dra. Antonia Moreno González, não apenas por causa de suas teorias estabelecedoras de novos paradigmas, mas por causa de sua genialidade plublicamente reconhecida. Era freqüentemente solicitado em oferecer suas “idéias e opiniões” — como o título de uma coletânea de seus escritos não científicos chama sua obra, o que faz dele um reconhecido como filósofo e cientista — e ele atendia feliz as solicitações.

Poderíamos ver a atitude liberal de Einstein em relação à leitura e à educação – no sentido clássico da palavra “liberal” – como uma força motriz por trás de sua infinita curiosidade intelectual, humildade e falta de preconceito. Podemos considerar seu diagnóstico do problema da ignorância moderna parecer grosseiramente menos grave que o adequado dadas nossas atuais circunstâncias políticas. Quanto ao que constitui um “clássico”, gosto da definição abrangente de Italo Calvino: “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer o que tem a dizer”.

via Mental Floss

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Josh Jones is a writer and musician based in Durham, NC. Follow him at @jdmagness