Sid e Nancy

Sid Vicious, baixista da banda Sex Pistols, ficou conhecido pela sua vida desregrada e pelo intenso envolvimento com drogas. A banda teve uma carreira breve: apareceu pela primeira vez em 1975 e três anos depois o líder da banda, Johnny Rotten, declarou o fim do grupo e fez declarações pesadas sobre Sid. Após o afastamento do Sex Pistols, o baixista se envolveu com Nancy, uma ex-go-go dancer viciada em drogas como ele. Nancy acabou morta em um quarto de hotel e Sid morreu quatro meses depois, aos 21 anos, no dia 2 de fevereiro de 1979.

Isto é o que conta o livro “Como Eles Morreram” (Editora Panda Books), que traz a história de vida e morte de celebridades como roqueiros, artistas, escritores, pintores, cientistas, entre outros. Veja abaixo trecho do livro sobre a conturbada história do Sex Pistols, de Sid Vicious e de sua relação com Nancy.

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico.

Viciado, autodestrutivo e pertubador

Quando o Sex Pistols apareceu na cena musical de Londres pela primeira vez, em 1975, ninguém sabia ao certo o que pensar da banda ou das músicas fortes e contra o amor. O grupo de desajustados incompetentes e de cabelos arrepiados empunhava a bandeira musical da rebeldia e da anarquia, mas logo ficou claro, que, talvez, os únicos menos interessados em sua “música” eram os Sex Pistols mesmo. Na primeira entrevista deles, o líder Johnny Rotten (sobrenome originado da condição de seus dentes) deixou claro que a banda não estava “interessada em música…mas, sim, no caos”, e ele foi além, declarando que o outro principal interesse deles era o dinheiro. Os jornais perceberam que o grupo de desajustados era bom e, incentivada por uma série de novos clipes bizarros, a banda prosperou.

Em 1977, o Sex Pistols era a completa apoteose do punk rock. Em fevereiro, o baixista da banda foi substituído por John Ritchie, mais conhecido como Sid Vicious, e o Sex Pistols se transformou em algo completamente diferente. Pouco mais que um jovem vândalo e perturbado, desejando atingir a fama, Sid personificou tudo o que o Sex Pistols desejava representar; ele era cruel e autodestrutivo, viciado em heroína, praticava a autoflagelação e vivia sua vida de modo perturbador. Mas, para Sid, infelizmente, nada disso era mentira.

Após a morte de Sid, Johnny Rotten chegou a confessar que Sid “não passava de um cabide que preenchia um espaço vazio no palco”. Por pouco tempo, o Sex Pistols parecia estar prestes a passar de maior fracasso a maior sucesso do rock, quando, nove meses depois da chegada de Sid, o disco, muito esperado deles, “Never mind the bollocks – Here’s the sex pistols”, rapidamente foi parar no alto das paradas de sucesso, apesar de ou talvez devido ao fato de muitas lojas se recusarem a estocá-lo. Mesmo com essa conquista, a banda conseguiu se destruir em um ano. Após um glorioso período de sucesso, durante o sexto show nos Estados Unidos, Johnny Rotten declarou o fim do grupo.

Com o fim do Sex Pistols, em 1978, Sid e sua namorada, Nancy Spungen, circularam como o casal mais perturbado do ano. Viciada em drogas e ex-go-go dancer, Nancy era a maior fã de Sid, e seu tempestuoso relacionamento com ele começou um ano antes, quando ela viajou para Londres com o único propósito de “dormir com um Sex Pistol”. O caso se transformou em um longo romance gótico marcado por problemas com drogas, e, após o casal ter se mudado para o Quarto 100 no Chelsea Hotel, de Manhattan, a relação ficou ainda mais problemática.

Depois de dois meses no hotel, período no qual Nancy trabalhou como prostituta para sustentar seu estilo de vida e sua dependência química, em uma manhã de outubro Sid telefonou para a recepção e informou que havia acordado e encontrado a namorada morta. Quando a polícia chegou, encontrou Nancy deitada sob a pia do banheiro, com o sutiã e a calcinha encharcados de sangue, com uma única estocada no abdômen, causada por uma faca de churrasco. Ainda drogado, Sid foi indiciado por assassinato e preso, mas foi solto poucos dias depois, quando o ex-empresário da banda pagou a fiança de cinquenta mil dólares, graças à Virgin Records.

Sid permaneceu em Manhattan quando foi solto, pois seu passaporte havia sido confiscado, e em dezembro envolveu-se em uma briga numa discoteca e voltou para a prisão em Riker’s Island, onde foi internado em uma clínica de desintoxicação. Liberado, limpo e sóbrio, na noite de 1º de fevereiro, foi recebido por alguns de seus amigos viciados no Chelsea. No quarto de um amigo, Sid voltou a se drogar e mais tarde partiu e deitou-se na cama. Sua mãe, Berverly, saíra da Inglaterra para cuidar do filho e, sempre temendo que Sid fosse preso com drogas na rua, lhe comprou um pouco de heroína. Acordou em determinado momento depois da meia-noite e, achando a droga na bolsa da mãe, usou-a e dormiu novamente – dessa vez para sempre. Na manhã seguinte, Beverly encontrou o filho nu no chão, “deitado com expressão calma”. A mãe dele o chacoalhou até perceber que estava “muito frio e morto”. A morte de Sid, aos 21 anos, foi declarada como acidental. Mas não foi inesperada.

Aos vinte anos, Nancy foi enterrada no King David Cemetery em Bensalem, Pensilvânia (EUA). Sid foi cremado e dizem por aí que suas cinzas foram espalhadas ou depositadas no túmulo de Nancy. Mas isso parece romântico demais, e tenho certeza de que a família Spungen protestaria, dadas as circunstâncias. Além disso, em uma coletiva de imprensa anunciando a turnê de reencontro do Sex Pistols em 1996, Johnny Rotten disse que “colocaria uma urna funerária sobre a mesa no lugar antes ocupado por ele (Sid), mas infelizmente suas cinzas foram lançadas sobre o Aeroporto Heathrow algum tempo antes. Eu precisaria de um Hoover (aspirador de pó)”.

(Diário do Pará/Folha Online)

Serviço:

“Como Eles Morreram”. Autor: Tod Benoit. Editora: Record. Páginas: 320. Quanto: R$ 45,90. Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou no site da Livraria da Folha.

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